Dia de amar não é todo dia? | #maisamorporfavor

   
   Junho chegou e com ele vem, inevitavelmente, o dia dos namorados. Dia de trocar presentes, afetos, carinhos. Dia de sair, de rir, de relembrar os bons momentos. Dia de escrever cartas, dar as mãos, sonhar com o futuro, fazer planos. Dia de pensar sobre o que foi feito, o que mudou, de viver o sentimento. Dia de amar?
   Amor... Uma palavra tão pequena, uma abstração gigante. Que é um sentimento desses que fogem às palavras, ok, todos sabemos. Explicar é tão difícil... Talvez por isso, a banalização seja tão grande. Somos seres de instantes, uma geração de curtos momentos. O que era a poucos segundos, agora já pode ser atualizado, renovado, melhorado. Infelizmente, as relações acabaram sofrendo upgrades também. Como acontece com alguns softwares, essa atualização acabou bagunçado tudo
   Não é segredo pra ninguém que o dia dos namorados é uma jogada de marketing, criada para movimentar o comércio e aumentar o número de vendas, incentivar que mostremos o nosso amor através de presentes, bens materiais, sempre frisando que tais atos são os reais demonstrativos do que se passa no coração e na cabeça. 
   Pois bem, não é o que eu acho.
   Presentear, sair para jantar, andar de mãos dadas, escrever cartas... Por que não todos os dias? Por que não sem data definida? Por que não ontem, mês que vem ou no próximo domingo? Por que dia doze? Por que nos tornamos reféns da data? Somos criadores de imagem, sempre mais preocupados em passá-la e mantê-la do que em realmente viver em nome do que representamos. De uns tempos pra cá, declarações nas redes sociais são cada vez mais comuns. Textos gigantes em dias específicos, como que apenas para mostrar ao mundo a felicidade que nos rodeia, que nos cerca, que nos consome, quando muitas vezes é tudo apenas isso: imagem. Por quê? 
   Sinto, honestamente, que o dia dos namorados e a celebração do amor já foram muito mais sinceras - quando corações batiam em falso e as mãos suavam, sem que fossem necessárias demonstrações grandiosas, exuberantes. O amor já foi tão mais simples, tão mais humilde... E, arrisco dizer, mais bonito. Mais bonito porque a única intenção, a única preocupação era amar. Amar por vontade de sentir; amar para contagiar; amar por querer perto; amar por não caber em si mesmo.
   E a grande verdade é que amor é só isso (ou tudo isso?): algo tão intimidador, grandioso e inexplicável que não cabe no peito. Um baita clichê, do qual é impossível fugir. Amor é entrega, é aceitação, é aprendizado; é saber que não existe perfeição e abraçar a ideia com graça e sutileza, não por obrigação, mas por vontade. Amor, ao contrário do que presumem as grandes massas, não quer dizer sorrisos de orelha a orelha todas as horas de todos os dias, mas sim querer que todos os dias sejam assim só por estar com quem se ama.
   Amor não é da boca para fora. Não dá pra sentir e fingir que não, assim como não dá pra não sentir e dizer que sim. Amor transcende. Por isso, nesse dia dos namorados, antes de presentes e grandes demonstrações, procure lembrar de todas as razões que fazem de ti um(a) apaixonado(a). O que exatamente foi que te cativou a querer estar junto? A querer compartilhar? O que te inspira a respeito de quem está contigo? Por que é que, entre tantas pessoas nesse mundo, foi essa a que tu escolheu para dividir a vida e o cotidiano? A gente faz do amor um bicho de sete cabeças, quando na verdade ele está escondido nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes, nas coisas que quase passam despercebidas. A gente não ama alguém pelos presentes que ela nos dá, ou pelos lugares aos quais ela nos leva. A gente ama alguém pelo modo como ela nos olha, pelo modo como nos faz sentir, pelo modo como ela nos faz querer ser melhores. 
   Que nesse dia dos namorados lembremos disso acima de tudo, porque antes de ser o dia da troca de presentes, dia doze é dia de amar com tudo que se pode. Felizes dos casais que conseguem viver esse sentimento com tamanha plenitude.

Jella 
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Dia das mães e as razões pelas quais eu não poderia deixar de ser (realmente) filha da mãe que tenho

   O dia das mães acaba de acabar. 
   Duas horinhas atrás era o dia dela: da pessoa que te assiste desde os primeiros passos, primeiras palavras primeiros gestos e tentativas de comunicação e entendimento desse mundo doido. Duas horinhas atrás era dia de celebrar a importância e essencialidade dessa mulher na vida de cada um de nós. Duas horinhas atrás era o dia de entregar presentes, mimar e agradecer. Duas horinhas atrás era dia da pessoa mais importante na vida de qualquer ser humano.
   Não sei como é ser mãe (ainda sou nova demais para tal feito), mas imagino que não deva ser fácil. Educar, entender e aturar - sim, aturar, porque só nós sabemos quanto conseguimos ser pouco tolerantes (por vezes insuportáveis) com elas - uma pessoa completamente dependente de ti e dos teus ensinamentos... Uma responsabilidade e tanto! 
   Minha mãe, por sua vez, sabe bem como é ser filha. Já foi um dia uma com a minha idade, hoje é outra - mais madura e consciente. Apesar das diferenças entre meu tempo como filha e o dela, ainda assim há muito em comum entre nós - mais até do que (principalmente quando brigamos) queremos admitir. Como confirmam os ditados populares por aí: filho de peixe, peixinho é; e, bem, eu não poderia deixar de ser filha da minha mãe.
   Somos ambas de um nível de teimosia que, como se pode imaginar, acaba sempre em concordância, admiração ou guerra. Somos ambas tão sonhadoras que, como é de se esperar, há sempre algo mais a conquistar. Somos ambas de gostos tão parecidos e peculiares que, como se deve acreditar, muitas vezes não sabemos se desgostamos tanto porque realmente não agrada, ou porque agrada demais. Somos ambas um misto bem doido de coisas uma da outra. Isso, claro, sem mencionar as semelhanças físicas... Essa lista conta com sardas, cabelos rebeldes, boca grande, olhos pequenos, bochechas salientes, nariz arrebitado e por aí vai (se realmente enumerar todas elas, falta espaço e característica).
   Como mãe, há muito nela que não vejo em mim - e acredite você - gostaria de ser. Determinação, sinceridade e perspectiva são algumas delas. Quem dera um dia eu ser tal qual ela. Em dado momento da vida, passados os anos de dependência da infância e os de rebeldia da adolescência chega, sorrateiramente, a época em que não há como se olhar no espelho sem ver traços dela, não há como não encontrar semelhanças cotidianas nos gostos, atitudes e trejeitos, não há como não desejar um abraço e um beijo de boa noite. A gente cresce e, embora busque por independência e caminhos próprios, acaba se tornando mais necessitado ainda dos afagos e afetos da mãe que nos criou, ama e com quem tanto divergimos.
   Ah, as divergências! Obviamente que nem tudo são flores. Convivência é sempre complicada, não importa quem seja a pessoa com quem se convive: por que com as mães seria diferente? Todos os dias, de todas as semanas, de todos os meses, de todos os anos... É muito tempo convivendo! Brigamos (e como brigamos!): eu e minha mãe vivemos mais em pé de guerra que em tempos de paz e por mais louco que isso seja - e por pior que pareça - funcionamos assim. Somos seres de opiniões tão fortes e tão convictas do que pensamos que, inevitavelmente, há discussão e desencontro de ideias. Diversas são as situações que levam a isso - personalidades fortes, opiniões contrastantes, mau entendidos, uma visão diferente de mundo -, mas não me importo. Gosto de discutir com quem sabe argumentar e minha mãe é dessas. A verdade é que com uma tarefa tão árdua quanto tornar alguém um ser humano decente, em meio a essa realidade caótica, eu não acho errado que ela brigue comigo e tente mostrar outras formas de fazer das coisas, certas. Admiro o fato, de mesmo com tantas desavenças, nunca desistir de mim.
   Minha mãe foi - e é - desde que me conheço por gente pai e mãe. Sempre colocando os filhos e suas necessidades acima das suas próprias, sempre fazendo o máximo possível - por vezes mais que isso - para que não falte nada, não existam problemas ou situações desconfortáveis. Minha mãe é uma daquelas que quer saber onde vai, com quem e quando volta: tim tim por tim tim. Minha mãe é daquelas que não suporta que os filhos sejam levianos ou mal educados. Minha mãe é daquelas que - mesmo com seu mundo despedaçando - ainda consegue oferecer um conselho sábio e objetivo e um colo nas situações de maior fragilidade. 
   Só tenho a dizer, após toda essa introdução, que sou grata por ter a mãe que tenho - e sim, muito apaixonada por ela (paixão dessas de amores arrebatadores). Há religiões que acreditam que antes de nascer somos nós os responsáveis por escolher as mães que nos carregarão e educarão nessa terra; uma escolha arbitrária e pessoal. Devo dizer que nunca na vida achei que tivesse tão bom gosto. É como mencionei ali em cima: se um dia eu for metade da mãe e mulher que a minha é, bem, serei realizada como pessoa.

Beijos,









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